Há 66 anos, no dia 11 de junho de 1955, a cidade de Le Mans, na França, presenciou um dos mais trágicos acidentes da história do automobilismo. Durante a corrida de 24 horas no Circuito de la Sarthe, o piloto francês Pierre Levegh perdeu o controle de seu Mercedes-Benz 300 SLR e colidiu com outro carro, causando uma enorme explosão que matou instantaneamente Levegh e mais 83 espectadores, além de deixar mais de 120 feridos.

Pierre Levegh, de 49 anos, era um piloto experiente que havia participado da corrida de Le Mans várias vezes antes. Ele tinha boas chances de conquistar a vitória naquele ano, já que estava liderando a prova com folga até o momento do acidente. No entanto, ao se aproximar da curva Maison Blanche em sua 35ª volta, Levegh deparou-se com o Austin-Healey de Lance Macklin, que tinha acabado de ser ultrapassado por Mike Hawthorn em seu Jaguar D-Type.

Macklin, sem perceber a aproximação de Levegh, fez uma manobra para desviar de Hawthorn e acabou se movimentando diretamente na frente do Mercedes-Benz do francês, que não teve tempo para desviar. Levegh atingiu a traseira do Austin-Healey a uma velocidade estimada de mais de 200 km/h, e o impacto foi tão forte que seu carro decolou e se desintegrou em pedaços, espalhando destroços e combustível sobre a arquibancada.

A trágica cena foi registrada em detalhes pelas câmeras de televisão que transmitiam o evento ao vivo para todo o mundo. O fogo se espalhou rapidamente pelas arquibancadas, causando pânico entre os espectadores, que tentavam desesperadamente fugir das chamas. Muitos ficaram gravemente feridos ou desmaiaram por causa da fumaça tóxica ou da confusão generalizada. O resgate dos feridos e dos mortos foi precário e desorganizado, e os sobreviventes ficaram traumatizados pelo resto da vida.

Após o acidente, a corrida de Le Mans foi interrompida por duas horas e meia, enquanto as equipes de resgate e a polícia tentavam controlar a situação. No entanto, a prova foi retomada, apesar das críticas e protestos de muitos pilotos e equipes que se recusaram a continuar correndo. A vitória acabou sendo conquistada pela equipe Jaguar, mas o espírito da competição havia sido irreversivelmente afetado pela tragédia.

O acidente de Pierre Levegh em 1955 mudou a história do automobilismo para sempre. Foi um verdadeiro alerta sobre os riscos iminentes e as falhas na segurança dos carros e dos circuitos da época. Desde então, muitas mudanças foram feitas para melhorar a segurança dos pilotos e do público, incluindo a introdução de cintos de segurança, capacetes mais resistentes, barreiras de proteção mais eficientes e outras tecnologias avançadas.

Mesmo assim, o acidente de 1955 continua sendo lembrado como um marco triste e doloroso na história do automobilismo, uma lembrança de que a corrida de carros pode ser perigosa e imprevisível, e que a vida humana sempre deve vir em primeiro lugar, mesmo na competição mais acirrada.